A ROSA DO FIM DO MUNDO ( CÂNTICOS PROFÉTICOS )

sábado, 20 de novembro de 2010

Perdidos entre estrelas...





















A lucidez
Bate à porta
Como um golpe de navalha
Em meu precórdio.

E lá estavam eles:
– Os serafins, de novo,
Na imensidão do nada
Como argonautas.

Qual o caminho de volta
Ao início do fim?
Em que praia,
Em que cais,

Nossa nau perdida,
Entre estrelas:
Será nossa pátria,
Nossa era?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Momento de delírio

















Sou poeta:
Por não suportar a brutalidade
Da exatidão do tempo
Em cada vão momento da vida.

Por isso estou nesta estrada,
Já desabada, em busca da verdade,
Mesmo sabendo que é a pior mentira.

Sou mesmo um cavaleiro
Enclausurado,
Em busca da sinceridade
Do teu olhar, escondida.

sábado, 13 de novembro de 2010

A VIDA



A vida não merece a dor
de ser vivida”.
Manuel Bandeira





Num crepúsculo a tarde caía.
Não era luz aquilo que luzia
E nem era tristeza aquilo
Que deverasmente sentia.

No passar dos anos fizemos canções
E no peito um aperto tão bom,
De sentir passar o tempo
Sem nos preocuparmos com a metafísica.

E crer em algo mais.
O que não se pode ver
Ou apalpar com as mãos,
Mas está dentro com o nosso pulsar.

E nem era dor
Aquilo que doía.
Era a vida, era a vida.
A vida.

Estou estarrecido, porém
Continuo lúcido, com areia nos olhos.
Sigo este caminho: já extenuado,
Como  já o tivesse conhecido.











     Manuel Bandeira




        

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AVATAR



 Ao Deus invisível



A rosa obsoleta deitada ao relento
Esquecida no obscuro reflexo
Do descaso humano inconsciente,
Onde um Ser onipresente
Saboreia o desatino viveres,
Maléficos, cotidianamente.

Oh! Gênesis do bruto destino
De todas as galáxias espalhadas
No firmamento de lamentos,
Impregnados pelo desejo:
Onde a escolha da sua travessia
Não passa mais do que um sonho.

Desesperados: como um sorriso de
Criança que tem ainda a crença
De estar, algum dia, ao lado
Do Criador, nos seus delírios, e
Segurar sua mão e sentir a brisa
Do eterno, acalantando a alma,


De esperança e alegria no futuro
De estar vivo em sua presença.
Contagiai-vos os pensamentos
Enchendo de cânticos o seu caminho
Triunfantes dos mistérios,
Neles estão guardados todas

As respostas: quando o seu filho
Primogênito indagar sobre a
Morte e a existência de Deus;
E ao enxugar-lhes as lágrimas:
– Lá você encontrará o seu peixinho Quilbert
O seu cãozinho Bob, papai e mamãe.






Meu filho, Leonardo Rossetto aos
4 anos de idade.
Dezembro de 2007.

Não temerei mais a morte.









" Nus, os mortos irão se confundir...
Com o homem no vento e a lua no poente;
Em suas mãos, a fé irá fender-se e duas,
E a morte não terá nenhum domínio..."

                                           Dylan Thomas







Vem meteórica, vem indolente:
Possuir cada instante roubado,
Desvendando todos os segredos...
Decifrado pelo seu eterno silêncio,
Como um ocaso que já se finda.

Vem misericórdia, vem triunfante,
Apocalíptica: sem sentir pena;
Deteriorando a matéria
Rompendo as fibras da carne
Expondo todas as suas nervuras.

Vem rutilante, Vem Armageddõn:
O buraco negro infinito, eterno,
Mistério elucidado irreversível.
Desmoronando a ponte única
Dos dias que nunca serão vividos.

Vem retumbante, vem piedosa:
Selar todas as dores e feridas;
Entorpecendo todas as veias,
Acalantando, ao ver o caminho:
Já enveredado pelos Entes queridos.