A ROSA DO FIM DO MUNDO ( CÂNTICOS PROFÉTICOS )

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Rabin































Olho o futuro e ele nos dá medo.
Rabin, você que tinha esquecido a ira,
Enfeitava os caminhos dos homens
Com a utópica esperança da paz.

Veio de novo a crueldade, tão humana,
Irreversível condição de larva
Que estamos geneticamente acorrentados
E Prometeu ousou nos tirar.

Que Cristo ousou nos tirar.
Que Gândhi ousou nos tirar.
Que Guevara ousou nos tirar.
Que Luther King ousou nos tirar.

Que Lennon ousou nos tirar.
Que Mendes ousou nos tirar.
E virão outros anjos
Que ousarão nos tirar.

E se repetirá novamente a cena
Tão monótona e obscena
Com o mesmo motivo de aprisionar
A tão lírica pomba da paz.











segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O SOL




Democraticamente... Aparece
Num céu anil, sem fronteiras,
Sem querer nada em troca.

No momento certo... Aparece
Como se soubesse
Que é indispensável na alma
E no metabolismo.

Transformou a noite em dia
E, como se não bastasse...
Fez de lambuja, depois da chuva,
Um arco-íris.

E a rosa
Que não queria abrir, abriu.
E o passarinho
Saiu do ninho cantarolando,
Partiu...

E o dia que era triste
Ficou alegre,
Apesar de tudo.

E o Sol
Ainda brilha,
Apesar de tudo.



















Impressão, nascer do sol
Claude Monet, c. 1872
óleo sobre tela

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Terra
















Nave astro terra.
Nave viva de luz.
Feito quimera,
Nos acolhe e conduz.


Nossa nau perdida
Debulha na ira,
Como despedida
Sem porto, sem mira.


Despertando ainda...
Longe se vai, enfim:
O sonho não finda,
Apesar do seu fim.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Oração ao nada.

  



























Chuva radioativa que corrói a alma
Na mãe África de todos nós
E também dos homens de alma sombria:
Livrai os homens do próprio homem.

Livrai-nos de todo mal.
Beatificai os rios, os pântanos
– santuário do início da vida.
Mantenedora deste sonho astral.



Imagem do Buraco Negro, obtida pelo 
Telescópio Hubble.