A ROSA DO FIM DO MUNDO ( CÂNTICOS PROFÉTICOS )

terça-feira, 15 de março de 2022

Rintrah

 


Rintrah

 

Agora a furtiva serpente caminha

em suave humildade,

e o justo exaspera-se nos desertos

onde vagueiam leões.

 

William Blake

 

 

Somos as flores da primavera

De Praga que nunca desabrocharão,

Pisoteadas pelos soldados incrédulos

Detentores da bestial destruição.

 

E as corolas que fugiram do chão

Foram trucidadas pelas metralhadoras,

Balas cuspidas com o hálito dos demônios

Que habitam o coração do próprio homem.

 

Deflagraram um ritual irreversível

De nossa tola escravidão

Inventada pela própria submissão

Que não quer ver o óbvio

 

Que está plantado no chão

Desta nave celestial Terra,

– enfeitiçada pelo sol,

Pondo infinitas voltas em nossos corações.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

 

Não temerei mais a morte.

 

 

Vem meteórica, vem indolente:

Possuir cada instante roubado,

Desvendando todos os segredos...

Decifrado pelo seu eterno silêncio,

Como um ocaso que já se finda.

 

Vem misericórdia, vem triunfante,

Apocalíptica: sem sentir pena;

Deteriorando a matéria

Rompendo as fibras da carne

Expondo todas as suas nervuras.

 

Vem rutilante, Vem Amargedom:

O buraco negro infinito, eterno,

Mistério elucidado irreversível.

Desmoronando a ponte única

Dos dias que nunca serão vividos.

 

Vem retumbante, vem piedosa:

Selar todas as dores e feridas;

Entorpecendo todas as veias,

Acalantando, ao ver o caminho:

Já enveredado pelos Entes queridos.






picture by Ressurreição é uma pintura do grande mestre renascentista italiano Piero della Francesca

domingo, 2 de fevereiro de 2020

CANTO DA TERRA VIAJANDO






As flores do mal não brotarão
Sob os teus olhos inocentes,
Nem os sacerdotes do medo
Abafarão com seus cânticos
Os hinos de liberdade.
Nem as profundezas da escuridão
Conterão as luzes dos teus olhos:
Plantadores de quimeras.
Seguiremos impassivelmente,
Apesar das inesperadas tormentas
Nesta nave celestial, errante
- Singrando este divino oceano,
Indo de encontro ao porto seguro
Do seu coração de eterna criança.



segunda-feira, 23 de abril de 2018

Regenesis





















Nasceremos de novo
Depois do último
Cogumelo incandescente.

Apesar dos ventos, da noite
Das ditaduras que invadem
Nossas veias qual morfina,
Do beijo nunca dado
Algum dia...

Dos plânctons, dos néctares
Fissionará o arco-íris
Entre palmeiras, seringueiras
Amostrar o caminho:

Navegaremos entre os astros,
Feito Halley,
Resplandecendo todo dia.




















sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Vênus




























Quando você mostrou a abrupta flor.
De seu sexo
Nos seus lábios mornos impregnados,
Pelo desejo
Como vênus cintilante distraída,
No poente
Acariciando a alma dos mortais,
Docemente

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Há de vir

       











Os prenúncios da aurora
Povoarão de esperanças os dias vindouros,
E estando alegria, sempre presente:
Em cada momento, como se a vida
Renovasse a cada novo despertar,
E senti-la como se estivesse no início.
A alquimia que se faz ao passar dos anos
Nesse teu semblante, faça-o acreditar com Altivez,
No que vem sem prestar conta ao presente:
Os presságios inesperados do futuro.












Foto:  Imagem da Aurora Boreal

sábado, 4 de novembro de 2017

POUSAM OS ASTROS EM MINHAS MÃOS






Morre-se pra durar.”
Vicente Cechelero


Ó constelar sensação do efêmero,
Vem meteoricamente do infinito:
Quero beber todas suas estrelas!
Numa bodega com Rimbaud e Pessoa.

Num trago áspero e mortal
Na esquina do mundo, na beira do Zênite
Contemplando o passar dos astros
E nossas eternas musas.

No final dos tempos, ainda não vividos,
Embriagar-nos-emos da lucidez absurda
Sem ter pena deste pobre corpo,
Desta matéria vã e finita.

E depois sairemos caminhando pela areia,
Nesta plenitude, na comunhão do êxtase,
A seguir passos já marcados pelo relógio
Previsível e irreversível do tempo...

Sentindo o frescor das espumas das ondas
Espraiando-se ao redor deste mundo,
Do mar que banha este véu intergaláctico
A que nós humanos, chamamos de imensidão.





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